Água mineral
(Esclarecimento)
Recentemente fui consultado por um irmão que ficou
perturbado com um texto de origem católica, que se acha no final deste estudo,
porque a matéria defende que Jesus não teve outros irmãos. Pediu-me então que
me pronunciasse à respeito, inclusive porque eu havia escrito um artigo com o
título “A Crença em Maria”, no qual argumento que Maria não permaneceu virgem
depois do nascimento de Jesus e que ela havia tido outros filhos.
Para melhor entendimento deste esclarecimento, leia primeiro
o texto que se acha depois deste. Vejamos então:
O autor menciona que a igreja católica ensina que Jesus não
tinha irmãos e irmãs de sangue, o que não é verdade à luz da hermenêutica
neo-testamentária, mas se trata sim de uma heresia que de há muito vem sendo
transmitida de geração a geração do catolicismo romano.
Tudo começou oficialmente no Concílio de Latrão, no ano de
649 quando decretaram que Maria não teve filhos além de Jesus. Porque o
espírito de idolatria que já estava entranhado no seio da Igreja Romana, acabou
por respaldar a teologia inconsistente e descabida de que Maria não tinha tido
outros filhos, com o fito propósito de torná-la como instrumento de adoração
por seus fiéis. Creditando-lhe poderes e mediação que não possuem respaldo
bíblico. Foi desta forma que Maria passou a ser consagrada como virgem mesmo
depois do nascimento de Jesus.
O que sabemos cientificamente é que uma mulher pode ficar
grávida sem ter deixado de ser virgem. Mas, por ocasião do nascimento a
virgindade se desfaz e não mais se repõe. A partir daí, a igreja se encarregou
de pregar esta heresia pelo mundo à fora. É uma doutrina equivocada e não tem
sua teologia baseada na Bíblia, mas na tradição católica determinada no
Concílio de Latrão.
Daí então, passou-se ao trabalho de descaracterizar os
textos do Novo Testamento que afirmavam que Jesus tinha outros irmãos e irmãs,
com o argumento de que ditos textos queriam dizer primos e não irmãos.
Os mais eruditos conhecedores do Grego, são categóricos em
afirmar que as palavras que lá estão querem mesmo dizer irmãos de sangue e não
primos. Mas, os católicos vêm enganando o mundo há muito tempo com essa estória
de que Maria não teve outros filhos. É mais uma das mentiras do Vaticano, que
tem medo e vergonha de vir a público dizer que o Concílio de Latrão foi uma
farsa.
Em Mateus 1:25 está escrito que José não coabitou com Maria
sua esposa enquanto Jesus não havia nascido. Logo, fica patente que depois do
nascimento de Jesus, José coabitou com Maria e teve outros filhos. Muitos dos
pais da Igreja, alguns do segundo século, como: Irineo, Euzébio, Tertuliano,
Epifâneo, Hegesipo e Helvídio tiveram o mesmo entendimento que a Igreja
Evangélica tem hoje, de que Maria teve outros filhos com José, baseado na
revelação bíblica.
Aliás, deixemos claro que a teologia que os evangélicos
formulam sobre esta questão é unânime. Nenhuma denominação evangélica discorda,
porque a nossa teologia está fundamentada no que está revelado na Bíblia e o
que cada crente pode comprovar é que tanto nos originais gregos como nas
diversas traduções da Bíblia, inclusive a Versão Católica diz que Jesus teve
outros irmãos. Já a defesa de que Jesus não teve irmãos é baseada simplesmente
na tradição que teve sua oficialização no Concílio de Latrão.
Examinamos os textos mencionados no argumento:
Judas 1:1 “Judas, servo de Jesus Cristo, e irmão de Tiago,
aos chamados, amados em Deus Pai, e guardados em Jesus Cristo:”
Judas era irmão de sangue de Tiago conforme sua confissão.
Ambos eram filhos de José e de Maria e como tal, irmãos de Jesus. Estes irmãos
de Jesus se converteram depois de sua morte e ressurreição, mas acompanharam o
ministério de Jesus, veja:
Mateus 12:46 “Enquanto ele ainda falava às multidões,
estavam do lado de fora sua mãe e seus irmãos, procurando falar-lhe...”
Mateus 12:47 “Disse-lhe alguém: Eis que estão ali fora tua
mãe e teus irmãos, e procuram falar contigo.”
Depois Jesus mesmo os apresenta aos seus discípulos, veja:
Mateus 12:49 “E, estendendo a mão para os seus discípulos
disse: Eis aqui minha mãe e meus irmãos.”
As pessoas que conheciam a família de Jesus, testificavam
que ele tinha irmãos, e que dois deles se chamavam Tiago e Judas, por isso
Judas inicia a sua carta dizendo que era irmão de Tiago, veja:
Mateus 13:55 “Não é este o filho do carpinteiro?, e não se
chama sua mãe Maria, e seus irmãos Tiago, José, Simão, e Judas?
Em muitas citações dos evangelhos é mencionada a palavra
irmãos se referindo a irmãos de sangue e em outras a irmãos na fé. Jesus chama
os seus discípulos de irmãos e diz também que seus irmãos são os que fazem a
vontade de seu Pai. Mas, no texto a seguir é feita uma separação singular, onde
o apóstolo João menciona explicitamente os discípulos e os irmãos de Jesus além
de sua mãe, veja:
João 2:12 “Depois disso desceu a Cafarnaum, ele, sua mãe,
seus irmãos, e seus discípulos; e ficaram ali não muitos dias.”
É curioso notar, que segundo o argumento católico a mãe de
Jesus andava sempre com seus primos. Nunca aparece estes primos com seus tios
ou tias. É muito estranho e inconsistente afirmar que estes irmãos queriam
dizer primos.
Vejamos mais:
Os irmãos de sangue de Jesus o aconselham, veja:
João 7:3 “Disseram-lhe, então, seus irmãos: Retira-te daqui
e vai para a Judéia, para que também os teus discípulos vejam as obras que
fazes.”
Estes mesmos irmãos não criam em Jesus, veja:
João 7:5 “Pois nem seus irmãos criam nele.”
Após a morte e ressurreição de Jesus seus irmãos se
converteram e foram líderes cristãos do primeiro século como Judas e Tiago. No
texto a seguir, Maria e os irmãos de Jesus, juntamente aos discípulos estão em
oração, veja:
Atos 1:14 “Todos estes perseveravam unanimemente em oração,
com as mulheres, e Maria, mãe de Jesus, e com os irmãos dele.”
É muito estranho que os seus primos ficassem o tempo todo
acompanhando o ministério de Jesus. Isto só pode ser atribuído a pessoas com
laços de parentesco em primeiro grau. Que aí se insere relacionamento entre
pais e filhos e entre irmãos, que faz com que estas relações sejam de amor
fraternal, fazendo com que se mantenham unidos mesmo na adversidade. Então eles
acompanhavam a mãe (Maria) que acompanhava o Filho (Jesus).
E tem muito mais. Jesus não somente tinhas irmãos mais irmãs
também, veja:
Mateus 13:55 “Não é este o filho do carpinteiro? e não se
chama sua mãe Maria, e seus irmãos Tiago, José, Simão, e Judas?
Mateus 13:56 “E não estão entre nós todas as suas irmãs?
Donde lhe vem, pois, tudo isto?”.
O autor do texto católico, afirmou citando a Bíblia que
Judas cita Tiago como seu irmão (Judas 1:1) e que Paulo diz que Tiago era irmão
de Jesus (Gálatas 1:19). A conclusão evidente, é que ambos são irmãos de Jesus.
Contudo ele tenta negar estas citações dizendo que Maria não é a mãe deles, o
que a teologia evangélica discorda totalmente.
Cita Mateus 27:56 “...entre as quais se achavam Maria
Madalena, Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu.”
Cita Mateus 10:3 “Felipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o
publicano; Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu;”
Haviam quatro pessoas com o nome de Tiago no Novo Testamento,
vejamos:
O primeiro: (apóstolo)
Mateus 4:21 E, passando mais adiante, viu outros dois irmãos
- Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João, no barco com seu pai Zebedeu,
consertando as redes; e os chamou.
O segundo: (apóstolo)
Mateus 10:3 Felipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano;
Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu;
Um era filho de Zebedeu e o outro filho de Alfeu. Nenhum
destes é o Tiago irmão de Judas e irmão de Jesus porque são filhos de outros
pais.
Terceiro: (irmão de Jesus)
Mateus 13:55 “Não é este o filho do carpinteiro? e não se
chama sua mãe Maria, e seus irmãos Tiago, José, Simão, e Judas?
Mateus 13:56 “E não estão entre nós todas as suas irmãs?
Donde lhe vem, pois, tudo isto?”
Pronto. Neste texto está bem claro que Judas e Tiago são
irmãos de Jesus, além de terem mais dois irmãos chamados de José e Simão, e
irmãs que a Bíblia não mencione os seus nomes, nem quantas eram.
Quarto:
Marcos 15:40 “Também ali estavam algumas mulheres olhando de
longe, entre elas Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago o Menor e de José, e
Salomé;”
Esta Maria é mãe de Tiago, chamado de “o menor”, de José e
Salomé e só aparece no Novo Testamento nesta citação. Ela não é a mãe de Judas
e do Tiago que Judas e Paulo citaram.
Neste ponto, deliberadamente e sem fundamento o autor
católico defende que esta Maria é a esposa de Alfeu, e mãe de Tiago “o menor”,
de José, Judas e Simão. Só que o texto afirma apenas que ela é a mãe de Tiago
“o menor”, de José e de Salomé. Não afirma nada do que defende. Nem em momento
algum a Bíblia menciona “Maria de Alfeu”. Aí reside a grande tentativa de
defender a teologia de que Judas e Tiago não eram irmãos de Jesus e por
conseqüência Jesus não teria outros irmãos e Maria não teria tido outros
filhos.
Erroneamente o autor do texto católico menciona (Mateus
13:55-56) que vimos anteriormente para afirmar que Maria não era a mãe de Tiago
e Judas, sem usar nenhum argumento convincente. E estes dois versículos se
constituem no argumento mais forte da Igreja Evangélica, porque menciona
explicitamente que as pessoas se arrazoavam entre si dizendo: “Não é este o
filho do carpinteiro e a sua mãe não se chama Maria e seus irmãos...”. Na
verdade o que as pessoas estavam dizendo, era, que conheciam bem a Jesus e
todos que faziam parte de sua família.
O restante do texto do autor católico é sem fundamento,
incoerente vazio e sem argumento algum e termina dizendo que a Igreja apenas
afirma uma tradição.
E de tradição já basta o que tem atrapalhado o evangelho de
Jesus. E só para encerrar, Jesus confiou Maria a João e João a Maria por dois
motivos. João era o mais novo dos apóstolos por quem Jesus nutria grande
atenção, amor e carecia de proteção e amparo. Pediu-lhe então que cuidasse de
João como se fosse um filho e João cuidasse de Maria como se fosse sua mãe. Não
confiou a seus irmãos talvez porque eles não fossem convertidos ou estivessem
ausentes. Além do mais, há cuidados que só uma mãe pode dar.
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